O que são as vacinas?
As vacinas são imunizantes usados para prevenir doenças. São feitas a partir do próprio microrganismo causador da doença, e desencadeiam uma resposta imunológica em nosso corpo. Depois da vacinação, iniciamos a produção de anticorpos, e desenvolvemos memória imunológica, que nos permite produzir anticorpos.
Por que é importante vacinar as crianças?
As vacinas são ferramentas para a prevenção de várias doenças, que podem causar sérias consequências e até levar a morte. Algumas dessas doenças já foram praticamente erradicadas com a vacinação em massa, como a varíola e a poliomielite.
A pandemia de COVID19 afetou a cobertura vacinal no Brasil, com o aumento de casos de doenças como o sarampo, trazendo sérias consequências para a saúde das crianças.
As vacinas são seguras?
As vacinas são muito seguras, mas podem causar reações adversas, que geralmente são leves, como inchaço e vermelhidão no local da punção ou febre baixa.
Existem poucas contraindicações à administração de vacinas, como reação anafilática aos seus componentes ou condições que causam imunossupressão.
Sempre que surgir uma dúvida em relação a segurança das vacinas, consulte seu pediatra.
Quando a vacinação da criança deve ser iniciada?
A vacinação da criança deve ser iniciada ao nascimento, com a vacina BCG, contra a tuberculose, e a primeira dose da vacina contra hepatite B. A partir desse momento, há um calendário vacinal para ser seguido e a carteira de vacinação será avaliada pelo seu pediatra em cada consulta de rotina, que pode orientar a atualização e esclarecer possíveis dúvidas em relação às vacinas.
Quais as diferenças entre as vacinas da rede pública e particular?
Algumas vacinas oferecidas em clínicas particulares diferem das oferecidas na rede pública:
Tríplice bacteriana:
A rede pública oferece a tríplice bacteriana DTPw, que contém células inteiras da bactéria pertussis, que causa a coqueluche. Nas clínicas privadas, a vacina DTPa é utilizada, com um componente acelular da bactéria pertussis, que causa menos reações.
Rotavírus:
A vacina da rede pública protege contra um sorotipo do vírus, e é aplicada em duas doses.
A vacina da rede particular protege contra 5 sorotipos, e é dada em 3 doses.
Vacina pneumocócica:
A vacina pneumocócica 10- valente é aplicada nos serviços públicos e previne cerca de 80% das doenças graves causadas por 10 sorotipos de pneumococos, enquanto que na rede privada, a vacina pneumocócica 13-valente é administrada, aumentando a proteção para 90%, e contra 13 sorotipos.
Vacina da gripe:
A vacina da gripe trivalente é aplicada na rede pública, conferindo proteção contra 3 cepas do vírus influenza (dois A e um B).
A vacina particular é a quadrivalente, e confere proteção contra quatro cepas do vírus, dois A e dois B.
Vacina HPV:
A vacina contra HPV é a quadrivalente, tanto na rede pública como na privada.
Vacina contra hepatite A:
Na rede pública, a vacina é administrada em dose única. Na rede privada, o esquema de vacinação é de duas doses, com intervalo de 6 meses entre as duas, o que aumenta a proteção contra a doença.
Vacina contra a meningite tipo B:
Apenas oferecida na rede privada
Vacina contra a meningite ACWY :
Na rede privada, o início do esquema vacinal inicia-se aos 3 meses, enquanto na rede pública, nessa idade é administrada a vacina antimeningocócica C, e a vacina ACWY será oferecida para adolescentes de 11 e 12 anos.
Posso dar mais de uma vacina no mesmo dia no meu filho?
A criança pode receber mais de uma vacina no mesmo dia, e o organismo produzirá anticorpos normalmente, como se as imunizações tivessem sido feitas em datas diferentes. Não é recomendado que mais de uma vacina seja aplicada no mesmo local do corpo.
Em crianças menores de 2 anos de idade, não se deve aplicar a vacina contra febre amarela e tríplice viral no mesmo momento. Deve-se respeitar o intervalo de 30 dias entre as doses.
As vacinas causam autismo?
Essa é uma dúvida muito comum nos consultórios de pediatria.
Alguns estudos da década de 90 levantaram a hipótese de que a vacina tríplice viral ou o timerosal, componente bactericida presente nas vacinas, tivesse relação causal com o transtorno do espectro autista. Essas hipóteses nunca foram comprovadas, e o alarmismo causado por elas fez com que casos de sarampo aumentassem em diversos países, sem diminuição dos diagnósticos de autismo.
As vacinas têm relação com o evento de morte súbita do lactente?
A morte súbita do lactente é uma condição rara e traumática, um óbito inesperado sem causa definida. É mais frequente nos primeiros 6 meses de vida do recém-nascido, período em que as crianças estão recebendo várias vacinas, e a situação pode ocorrer no mesmo dia de alguma aplicação de vacina.
Não há nenhuma relação de causa-efeito entre a aplicação de vacinas e esse infeliz desfecho.
Posso dar analgésicos e medicações para a febre após as vacinas? E antes das vacinas, é indicado o uso de analgésicos?
Os analgésicos ou antipiréticos podem ser utilizados após a administração das vacinas, no caso de febre ou dor no local. Alguns estudos demonstram uma possibilidade de diminuição da resposta à vacina se as medicações forem aplicadas antes da vacinação.
É importante sempre consultar seu pediatra antes de administrar qualquer medicação no seu filho.
Conclusão
A vacinação das crianças é a melhor maneira de protegê-las contra várias doenças graves e suas consequências, muitas vezes até mesmo fatais. Além disso, a vacinação é importante do ponto de vista coletivo, pois permite o controle e erradicação de doenças em toda a população.
O pediatra é o melhor profissional para a indicação das vacinas, avaliação da carteira vacinal da criança e orientação no caso dos eventuais efeitos colaterais.
E aí, a carteira de vacina dos seus pequenos está atualizada?
Confira aqui:
https://sbim.org.br/calendarios-de-vacinacao
Dra. Mariana Nogueira de Paula, mãe da Ana Luísa, Helena e do Miguel.
Pediatra, Gastropediatra e Hepatologista Infantil
Santo André e Grande ABC