Setembro amarelo – Suicídio em crianças

setembro amarelo

 

O suicídio é um evento raro em crianças pequenas, mas vem ocorrendo cada vez com mais frequência entre os adolescentes de 15 a 19 anos. No Brasil, cerca de mil crianças e adolescentes, na faixa etária entre 10 e 19 anos, cometem suicídio a cada ano, e a cada dia, morrem 3 crianças por suicídio em nosso país. Assim, é muito importante conhecermos e falarmos do assunto.

 

O que é suicídio?

Suicídio é o ato de finalizar a própria vida de forma intencional.

 

Há diferença entre os sexos em relação ao suicídio de adolescentes?

Há mais casos de suicídio entre os meninos, com uma proporção de 2 meninos para cada menina.

 

Quais são os fatores de risco para o suicídio em adolescentes?

Alguns fatores de risco que podem estar relacionados ao desejo suicida são:

  • Violência intrafamiliar
  • Incerteza em relação à orientação sexual
  • Sentimentos de desesperança
  • Impulsividade
  • Abuso de substâncias
  • Excesso de mídias sociais
  • Bullying na escola
  • Fácil acesso a meios letais

 

Quais os sinais de alerta para suspeitarmos do comportamento suicida?

Alguns sinais de alerta são:

  • Desinteresse por atividades que antes gostava
  • Baixa autoestima
  • Desinteresse com a aparência
  • Ansiedade, irritabilidade ou tristeza permanentes
  • Dificuldades escolares
  • Isolamento persistente: afastamento de familiares, amigos e grupos dos quais faz parte
  • Descrença no futuro
  • Expressões de desejo de morrer
  • Alterações súbitas de comportamento
  • Comportamentos perigosos
  • Automutilação

 

Como a internet e as redes sociais contribuem para o aumento do comportamento suicida entre os adolescentes?

As mídias sociais mostram padrões de comportamento e ideais de aparência inatingíveis, causando frustração e muitas vezes provocando tristeza e contribuindo para o isolamento do adolescente. Além disso, algumas redes sociais fornecem fácil acesso a conteúdo que facilita ou descreve o suicidio, normalizando e facilitando o ato.

 

Meu filho tentou o suicídio, será que ele só quer chamar a atenção?

A maior parte das crianças e adolescentes que comete suicídio já tentou anteriormente e não conseguiu. Assim, é importante que as tentativas de suicídio sejam encaradas com seriedade, para que se possa evitar o suicídio. Quando falamos que a criança só quer chamar a atenção, invalidamos o seu sentimento e podemos levá-la a um estado emocional pior que o anterior, agravando a situação.

 

Quais a falas comuns da criança ou adolescente com comportamento suicida?

A criança com intenção suicida pode ter falas como as seguintes:

  •  “Vou deixar vocês em paz”
  •  “Vou desaparecer”
  •  “Vou dormir para nunca mais acordar”
  •  “Nada vai mudar, é inútil, vou me matar”.

 

Meu filho vem falando sobre suicídio, anda mais quieto e triste, o que devo fazer? Como buscar ajuda?

Se você identificou algum comportamento suicida no seu filho, converse primeiramente com o pediatra. Ele poderá auxiliar vocês, e provavelmente orientará atendimento psicológico e psiquiátrico. É importante também construir uma rede de apoio, com professores, familiares e cuidadores. Não tenha medo ou vergonha de falar sobre o assunto, pois se as pessoas que o cercam souberem o que está acontecendo, podem mantê-lo seguro e ajudá-lo quando preciso.

 

Meu filho tem um amigo que falou em suicídio. Devo alertar os pais?

As crianças e adolescentes, em muitas ocasiões, acabam conversando sobre suas tristezas e sua desesperança com os amigos, que nem sempre levam a sério a intenção de atentar contra a própria vida. Oriente seus filhos para que contem para um adulto (pais, professores) se souberem de alguém com ideação suicida, e entre em contato com os pais se seu filho falar sobre o comportamento suicida de algum amigo. Isso pode salvar uma vida.

 

Onde buscar ajuda?

CAPS e Unidades Básicas de Saúde

UPA 24hs, SAMU 192, Pronto Socorro, Hospitais

Centro de valorização da vida – 188 (atendimento também pelo site, por chat e e-mail).

 

Conclusão

O suicídio vem acontecendo de maneira cada vez mais frequente entre  crianças e adolescentes, e falar sobre ele ainda é muito difícil. Observe seu filho, procure informações confiáveis, e se desconfiar de comportamento suicida, procure ajuda. A dor e a sensação de não querer viver podem ser grandes, mas há saídas e soluções. Vamos ajudar os nossos pequenos a sempre escolher a vida.

 

Dra. Mariana Nogueira de Paula, mãe da Ana Luísa, Helena e do Miguel.

Pediatra, Gastropediatra e Hepatologista Infantil
Santo André e Grande ABC

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