Segurança no trânsito para crianças

segurança no trânsito

Os acidentes de trânsito são a maior causa acidental de morte entre crianças. As crianças têm diversas características que as tornam mais vulneráveis a esse tipo de acidente, e é preciso atenção e cuidados para evitá-los.

 

Os acidentes de trânsito realmente são comuns entre crianças? E são perigosos? 

De acordo com a OMS, cerca de 500 crianças morrem a cada dia por acidentes automobilísticos, o que dá a média de uma criança a cada 3 minutos.

No Brasil, os acidentes automobilísticos são a principal causa de morte entre crianças com mais de um ano.

Além das mortes, milhares de internações ocorrem por essa razão, com muitas crianças ficando com sequelas para o resto da vida.

 

É mais comum a criança se acidentar estando em que tipo de veículo? Estando dentro ou fora do carro? 

O acidente de trânsito mais comum ocorre com crianças ocupando o veículo, seguido por crianças na condição de pedestres, e em menor proporção, crianças em motocicletas.

 

Em qual idade é mais comum os acidentes acontecerem? 

Os acidentes costumam acontecer mais frequentemente na faixa etária de 10 a 14 anos. As crianças são menos supervisionadas, há um relaxamento na fiscalização de medidas de segurança a serem tomadas no carro, e elas já começam a andar mais sozinhas.

 

Quais são os fatores de risco para acidentes de trânsito? 

Os fatores de risco são:

  • Velocidade
  • Condução sob a influência de álcool ou outras substâncias
  • Não utilização de capacetes para motociclistas, cintos de segurança ou dispositivos de retenção para crianças
  • Distração
  • Infraestrutura viária insegura
  • Veículos inseguros
  • Atenção inapropriada após acidentes
  • Cumprimento insuficiente das normas/leis de trânsito

Por que as crianças são mais susceptíveis a acidentes que os adultos?

As crianças não têm o mesmo desenvolvimento corporal, físico, psicológico e cognitivo do adulto.

Algumas diferenças entre a percepção do trânsito de crianças e adultos estão listadas a seguir:

  • A criança não enxerga da mesma maneira que o adulto, enxergando menos perifericamente, e focando nos objetos que estão a sua frente. Ela também confunde o ver e ser visto, acreditando que se consegue ver um automóvel, o motorista do automóvel também a enxerga.
  • A criança não tem a mesma audição do adulto, e se concentra mais em sons que a interessam, o que leva a distrações
  • A relação causa-efeito não é clara para a criança, e ela acredita que o carro pode parar imediatamente, assim que o motorista frear. Não há a compreensão de que é preciso distância e tempo para ocorrer a frenagem.
  • A criança tende a imitar os adultos. Se um adulto atravessa a rua, ela acredita que também pode atravessar, sem saber que a situação pode ter mudado em segundos.
  • A criança quer ter suas necessidades satisfeitas, e para chegar ao seu objetivo, toma atitudes sem observar o trânsito. Assim, para pegar uma bola que caiu no meio da rua, pode correr em direção a ela sem observar o fluxo de carros.

 

Quais medidas de segurança devem ser tomadas dentro do veículo? 

O uso da cadeirinha é obrigatório por lei desde 2008, e sofreu modificações em 2021.

Atualmente, a regra é:

  • Crianças menores de 1 ano ou 13kg: a criança deve ser transportada no bebê conforto, instalado no banco de trás, virada para a parte de trás do veículo.
  • Crianças de 1 a 4 anos: a criança deve ser transportada na cadeirinha adequada para seu peso e idade, instalada no banco de trás, que pode ser virada para a parte da frente do veículo.
  • Crianças de 4 a 10 anos (ou menos de 1,45m de altura, ou peso entre 15 e 36kg): a criança deve ser transportada no banco de trás, com assento de elevação, com cinto de segurança.
  • Crianças com mais de 10 anos (ou mais de 1,45m de altura): a criança pode se sentar em qualquer assento do veículo, com cinto de segurança.

 

Em que situações crianças menores de 10 anos podem ir no banco da frente? 

Em algumas situações, crianças menores de 10 anos podem ocupar o banco da frente do veículo.

São as seguintes:

  • Os bancos traseiros do veículo já estão ocupados por 3 crianças menores de 10 anos
  • O assento do banco traseiro do veículo tem apenas cinto de segurança de dois pontos (abdominal).
  • O veículo só possui bancos dianteiros (pick-ups, por exemplo).
  • A criança já tem mais que 1,45m de altura.

É importante lembrar que apesar da criança poder sentar no banco dianteiro a partir dos 10 anos ou a partir do momento que tiver 1,45m de altura, o banco traseiro será sempre uma posição mais segura no trânsito.

 

Qual infração cometerei se não levar meu filho no carro de acordo com a lei da cadeirinha? 

A infração é gravíssima, com 7 pontos na carteira de motorista e apreensão do veículo até a sua regularização.

 

Quando posso virar a cadeirinha do meu bebê para frente?

Acho que ele está muito apertado virado para trás, suas perninhas ficam dobradas, e acho que ele viajaria melhor andando de frente.

A posição do bebê no banco traseiro e virado para trás é a posição mais segura do carro. Em vários acidentes graves, o bebê sentado no bebê conforto virado para trás é o único sobrevivente. Quando imaginamos um acidente de trânsito com uma desaceleração brusca, se o bebê estiver virado para a frente, sua cabeça irá violentamente para a frente, podendo causar um traumatismo craniano ou na coluna. Se ele estiver virado para trás, sua cabeça irá de encontro à cadeirinha, sem movimentos bruscos.

Assim, mantenha seu filho o maior tempo possível na posição virada para trás. Os bebês não se incomodam em ter as perninhas dobradas, inclusive geralmente ficam nessa posição, e se forem acostumados desde cedo, não terão problemas em se adaptar à cadeirinha.

Meu bebê chora muito quando o coloco na cadeirinha? Posso tirá-lo apenas alguns minutos para acalmá-lo?

A regra é – se o carro estiver em movimento, o bebê tem que estar na cadeirinha, preso com o cinto de segurança do dispositivo. Não é necessário mais que alguns segundos para um acidente fatal acontecer. Bebês no colo da mãe, durante uma desaceleração, são arremessados para fora do veículo. Assim, se você precisar tirar seu bebê da cadeirinha para acalmá-lo, pare o veículo.

 

Posso retirar meu bebê da cadeirinha para amamentá-lo ou dar mamadeira? 

Aqui ocorre a mesma situação. Se precisar amamentar ou alimentar seu bebê, pare o veículo, tire o bebê da cadeirinha e depois o coloque de novo.

E esse hábito, além de garantir a segurança da criança, irá ensiná-la que dentro do carro ela tem que estar sempre na cadeirinha, evitando que ela saia quando estiver mais velha e conseguir se movimentar mais.

 

Vou viajar num carro por aplicativo. Posso levar meu bebê no colo? 

Apesar de não haver uma regulamentação por lei que obrigue o transporte de crianças em cadeirinhas nos carros por aplicativos, para a sua segurança e de seu bebê, leve seu bebê conforto ou cadeirinha.

 

Eu preciso sair para um compromisso que inclui meu bebê e ele não para de chorar no carro. Ele ficar chorando durante todo o trajeto não fará mal para ele? 

Ver e ouvir uma criança chorando por muito tempo é angustiante, mas não faz mal para ela como podemos imaginar. Converse com seu filho, mesmo que ele esteja chorando, procure acalmá-lo, coloque uma música que ele goste e com o tempo ele se acostumará com as viagens de carro. Ter uma companhia do lado dele também pode ser uma boa alternativa. Se ele não se acalmar, reformule os planos, pare um pouco o carro para acalmá-lo, e depois reinicie a viagem.

 

Meu filho de 3 anos está soltando o cinto de segurança e saindo da cadeirinha. O trajeto só tem 5 minutos. Posso levá-lo sem cadeirinha no banco de trás? 

Ensine ao seu filho que ficar na cadeirinha não é negociável. É uma questão de segurança, e se ele sair da cadeirinha, pare o carro e o coloque novamente.

Quais são as regras de segurança para crianças que são pedestres? 

  • A criança deve sempre andar na calçada, afastada da rua, mais próxima aos muros.
  • Não deixe a criança caminhar com fones de ouvido, pois eles distraem a atenção e a impedem de ouvir os ruídos do trânsito.
  • Não deixe a criança sair correndo por ruas ou calçadas.
  • Em estradas ou locais sem calçada, oriente as crianças a caminharem no sentido contrário ao dos veículos.
  • Oriente as crianças a não voltar para pegar objetos caídos no chão ao atravessar ruas. Essa atitude é uma das principais causas de atropelamento de crianças.
  • Oriente as crianças a atravessar sempre pela faixa de pedestre.
  • Oriente as crianças a olhar para os dois lados várias vezes antes de atravessar a rua.
  • Se a criança for caminhar à noite em vias com pouca iluminação, utilize roupas com materiais refletores.
  • Não permita que uma criança menor de 10 anos ande sozinha na rua, e segure sempre sua mão pelo pulso.
  • Oriente e desembarque as crianças sempre pelo lado da calçada.
  • Oriente as crianças a nunca atravessar atrás de ônibus, carros, ou qualquer obstáculo que atrapalhe a visão do motorista.
  • Ensine a criança a fazer contato visual com os motoristas para ter certeza que eles os viram.

Quais as regras e cuidados de segurança para crianças utilizando bicicletas, skates ou patins? 

  • A criança precisa de vigilância constante de um adulto
  • As atividades devem ocorrer em locais seguros, longe do fluxo de carros e de piscinas ou sacadas.
  • A criança deve usar equipamentos de segurança que tenham o selo do Inmetro, roupas claras e capacetes coloridos.
  • Os pais devem verificar se o capacete está ajustado à cabeça.
  • A criança deve usar sempre sapatos fechados, e evitar cadarços soltos.
  • A criança deve observar o que acontece ao redor.
  • A criança deve usar luvas e óculos de sol.
  • A bicicleta deve ter refletores, buzina e espelho.
  • Se a criança for andar de bicicleta ao entardecer, deve usar materiais refletores nas roupas.
  • A criança deve conseguir colocar o pé no chão quando está sentada no assento da bicicleta
  • A criança deve andar à direita dos veículos, no sentido do trânsito, e conhecer os sinais de mão apropriados.
  • A criança não deve usar fones de ouvido, os sons do ambiente são muito importantes para manter a segurança.

Conclusão 

Os acidentes de trânsito são a principal causa de morte entre crianças maiores de um ano, e levam a milhares de internações todos os anos.

As crianças não têm desenvolvimento físico, neurológico e psicológico suficientes para tomar decisões no trânsito, e por essa razão, a supervisão dos pais e a orientação em relação às regras de segurança são imprescindíveis para garantir o bem estar dos pequenos, e proporcionar uma boa viagem para todos.

 

Dra. Mariana Nogueira de Paula, mãe da Ana Luísa, Helena e do Miguel.

Pediatra, Gastropediatra e Hepatologista Infantil
Santo André e Grande ABC

 

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