A esteatose hepática na infância é o acúmulo de gordura no fígado de uma criança, não relacionada à ingesta de álcool.
Quais as causas desse acúmulo de gordura no fígado?
A causa mais comum de acúmulo de gordura no fígado em crianças é a obesidade, e pode estar associada à dislipidemia (alteração do colesterol e triglicérides), diabetes mellitus e hipertensão arterial.
Algumas doenças hepáticas também podem causar gordura no fígado, e devem ser investigadas.
Outras causas são as infecções, doenças genéticas e uso de medicamentos.
Como posso saber se meu filho tem gordura no fígado? Há algum sintoma associado à essa alteração?
A esteatose hepática não causa sintomas. Geralmente, a alteração é diagnosticada a partir de exames de imagem, como ultrassonografia de abdome ou tomografia computadorizada de abdome.
A elastografia hepática é um exame que evidencia a gordura no fígado e a quantifica, além de avaliar a presença de fibrose.
Em que situações a investigação de esteatose hepática deve ser realizada?
Crianças com sobrepeso ou obesidade devem realizar avaliação hepática, através de consulta clínica com hepatologista infantil, exames laboratoriais e exames de imagem.
Meu filho vinha com dor abdominal, e realizou uma ultrassonografia de abdome que evidenciou uma esteatose hepática leve. O que isso significa? O que fazer agora?
A esteatose hepática pode ser classificada na ultrassonografia de abdome como:
- Leve ou grau 1: infiltração gordurosa discreta
- Moderada ou grau 2: infiltração gordurosa moderada
- Grave ou grau 3: grande infiltração de gordura no fígado
A partir do achado de esteatose hepática, a avaliação clínica da criança é importante, e outros exames são indicados para esclarecer o diagnóstico e o melhor tratamento.
Qual o tratamento da esteatose hepática?
A esteatose hepática geralmente está relacionada à obesidade. Assim, uma alimentação saudável, com a diminuição de açúcar, produtos industrializados, gordura vegetal hidrogenada, associada a prática regular de exercícios físicos, irão tratar tanto a obesidade como a esteatose hepática.
Existe algum medicamento para tratar a esteatose hepática?
Alguns medicamentos podem ser indicados em alguns casos de esteatose hepática, como vitamina E, agentes hipoglicemiantes, ômega 3 de cadeia longa e probióticos. Entretanto, nenhum desses medicamentos é eficaz em todas as situações, e seu uso deve ser ponderado e indicado pelo hepatologista infantil.
Quais as complicações da esteatose hepática?
A gordura causa inflamação das células do fígado, levando à esteatohepatite não alcoólica.
Com o tempo, a doença pode progredir para cirrose hepática, e o paciente pode precisar de um transplante hepático.
A esteatohepatite não alcoólica, já com cirrose, é a terceira causa de indicação de transplante hepático nos EUA.
Meu filho tem esteatose hepática e é muito seletivo com a comida, gosta muito de guloseimas e produtos industrializados. Como fazer essa modificação da dieta?
É importante conversar sobre os benefícios da dieta saudável e dos riscos de uma dieta rica em açúcar e gorduras, e envolver a criança na melhora de sua saúde.
Em casa, a criança deve fazer as refeições à mesa, de preferência junto com a família, e os vegetais, legumes e frutas devem ser oferecidos, mesmo se ela tiver o hábito de recusar.
Os adultos servem de exemplo para os pequenos na hora da alimentação, e uma família que come alimentos saudáveis estimula a criança a se alimentar dessa forma.
Não se deve forçar a alimentação, barganhar com a criança ou ameaçá-la para comer alimentos saudáveis.
A retirada de sucos e refrigerantes do dia a dia geralmente traz uma grande modificação na dieta, e no combate à obesidade.
Bolos, bolachas (simples ou recheadas), balas e chocolates não devem ser estocados em casa, para que a criança não tenha as guloseimas à mão sempre que desejar.
As refeições devem ser realizadas em ambiente agradável, e a criança deve comer devagar, mastigando os alimentos, para ter a sensação de saciedade e não comer demais.
Conclusão
A esteatose hepática (gordura no fígado) na infância é uma condição cada vez mais comum, e está fortemente associada à obesidade, dislipidemia e hipertensão.
O seu tratamento inclui a mudança de hábitos de vida, uma dieta equilibrada e a prática de exercícios físicos.
O hepatologista infantil é o profissional mais indicado para o seu diagnóstico e acompanhamento.
Dra. Mariana Nogueira de Paula, mãe da Ana Luísa, Helena e do Miguel.
Pediatra, Gastropediatra e Hepatologista Infantil
Santo André e Grande ABC