Depressão pós-parto 

depressão pós-parto

A depressão pós-parto é uma condição frequente, ocorrendo em 15 a 30% das mulheres no puerpério, e muitas vezes não é diagnosticada, podendo afetar a mãe, e consequentemente o bebê, no início da vida.

 

O que é a depressão pós-parto? 

A depressão pós-parto é uma condição de profunda tristeza, desespero e falta de esperança que acomete a mãe logo após o parto.

 

Por que a depressão pós-parto é difícil de ser diagnosticada? 

Os transtornos mentais, no geral, não são bem compreendidos por muitas pessoas, e com a depressão pós-parto não é diferente.

A mãe, o pai e os familiares não conhecem o problema, não entendem o que está acontecendo, e a mãe se sente responsável pelo sentimento de tristeza.

Ela pode ter medo e vergonha de falar sobre o que sente, e acaba não procurando ajuda.

 

O que é baby blues? 

O baby blues é uma condição de fragilidade emocional no pós-parto, em que a mãe apresenta tristeza, choro fácil, cansaço, irritabilidade, e sentimento de incompreensão.

Os sintomas costumam aparecer por volta do quarto dia de puerpério, e duram cerca de 15 dias.

Os sintomas são mais leves e de mais curta duração que os da depressão pós-parto.

 

Por que a depressão pós-parto ocorre? 

A depressão pós-parto pode estar relacionada a várias causas, e tem uma estreita ligação com as mudanças hormonais que ocorrem com o término da gravidez.

Alguns outros acontecimentos comuns na época do puerpério podem ser o gatilho ou agravar o quadro:

  • Privação de sono
  • Vício em drogas, inclusive álcool
  • Transtorno mental prévio, como depressão ou ansiedade
  • Alimentação inadequada
  • Falta de apoio dos familiares e do parceiro
  • Sedentarismo
  • Isolamento

Algumas pessoas estão mais predispostas que as outras para o desenvolvimento de depressão pós-parto? 

Sim. Alguns fatores de risco estão associados ao aparecimento de depressão pós-parto.

Alguns deles são:

  • História de desordem disfórica pré-menstrual
  • Falta de planejamento da gravidez
  • Falta de apoio do pai ou familiares
  • Limitações físicas
  • Estresse
  • Problemas financeiros
  • Problemas familiares
  • Depressão anterior ou outros transtornos de humor
  • História familiar de depressão ou outros transtornos mentais
  • Violência doméstica
  • História anterior de depressão pós-parto

 

Quais os sintomas da depressão pós-parto? 

A mãe pode começar a sentir muita tristeza, desmotivação para viver, sensação de desespero.

Alguns outros sinais podem ser indicativos da depressão pós-parto:

  • Perda de interesse ou prazer nas atividades diárias
  • Perda de interesse ou prazer em fazer coisas que antes gostava
  • Pensamento de morte/suicídio
  • Vontade de fazer mal ao bebê
  • Alterações no peso corporal (perda ou ganho excessivos de peso)
  • Alterações no apetite – comer muito pouco ou em excesso
  • Alteração no ritmo de sono, insônia
  • Cansaço extremo
  • Sentimento de culpa
  • Ansiedade
  • Dificuldade para tomar decisões

Em que período após o parto a depressão pós-parto ocorre? 

Geralmente, a depressão pós-parto ocorre em até 4 semanas após o parto, podendo persistir por um ano ou mais.

 

De que maneira a depressão pós-parto pode afetar o meu bebê? 

A depressão pós-parto pode comprometer o vínculo entre a mãe e o bebê, e isso prejudica os cuidados necessários com o recém-nascido, a amamentação, assim como o seu desenvolvimento emocional e psicossocial.

Em casos mais graves, em que a mãe sente vontade de fazer mal ao bebê, pode haver risco físico.

 

Como é feito o diagnóstico de depressão pós-parto? 

O diagnóstico de depressão pós-parto geralmente é feito por um psiquiatra, que também excluirá alguma causa orgânica para os sintomas que estão ocorrendo com a mãe.

 

Existe alguma maneira de prevenir a depressão pós-parto? 

Algumas atitudes para manter uma boa saúde mental irão contribuir para a prevenção da depressão pós-parto:

  • Pedir ajuda com o bebê para conseguir dormir, se alimentar, e fazer exercícios, dentro das possibilidades
  • Tirar um tempo para si mesma
  • Procurar manter pensamentos positivos
  • Evitar o isolamento
  • Evitar drogas e medicamentos, a não ser os prescritos pelo médico
  • Receber informações realistas sobre a maternidade
  • Receber conselhos adequados sobre o cuidado com o recém-nascido

 

Qual o tratamento da depressão pós-parto? 

O tratamento da depressão pós-parto é realizado com psicoterapia e medicações antidepressivas.

O ideal é que a família participe do tratamento, aconselhando e apoiando a mãe.

Em alguns casos, pode ser recomendado que a criança fique com uma babá por um período do dia, e exercícios para fortalecer os laços entre a mãe e o bebê podem ser indicados.

 

Acredito que estou com depressão pós-parto. O que devo fazer? 

Se você se identificou com alguns dos sintomas acima e desconfia que está com depressão pós-parto, a primeira coisa a fazer é pedir ajuda.

Converse com o pai do bebê e com seus familiares, e exponha seus sentimentos, sem ter vergonha.

Muitas vezes, a mãe acha que não está sendo suficientemente boa por se sentir triste ou confusa após o nascimento do bebê, e não consegue expressar o que está sentindo.

A família, então, precisa procurar ajuda especializada.

Entre em contato com seu obstetra ou com o pediatra do bebê, que são profissionais que podem fazer o encaminhamento para o psiquiatra.

Se você tiver pensamentos ruins em relação ao bebê ou tiver desejo de fazer mal a ele, ou a você mesma, procure ajuda imediatamente, não espere esses pensamentos desaparecerem por si só.

Se necessário, entre em contato com o serviço de urgência da sua região, ou vá até o serviço de emergência médica mais próximo.

Abaixo, segue o link de uma organização internacional que oferece suporte para pessoas com depressão pós-parto:

https://www.postpartum.net

O auxílio é realizado on-line, e você pode pedir ajuda em inglês ou espanhol.

 

Conclusão

A depressão pós-parto é um transtorno frequente, e muitas vezes não diagnosticado.

Ela pode comprometer a saúde mental da mãe, e o desenvolvimento físico e psicossocial do bebê.

Se você ou algum familiar estiver apresentando sintomas sugestivos, procure ajuda o mais rápido possível.

 

Dra. Mariana Nogueira de Paula, mãe da Ana Luísa, Helena e do Miguel.

Pediatra, Gastropediatra e Hepatologista Infantil
Santo André e Grande ABC

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