Febre em crianças

febre em crianças

 

A febre em crianças é um sintoma comum na infância, período em que várias infecções são mais frequentes. A preocupação com a presença da febre e com o seu manejo é frequente, e é um dos principais motivos das consultas pediátricas.

 

O que é a febre em crianças? Por que ela acontece? 

A febre é a elevação da temperatura corporal habitual, e sua definição varia de acordo com a região.

No Brasil, considera-se febre:

  • Temperatura retal acima de 38oC
  • Temperatura oral acima de 37,5oC
  • Temperatura axilar acima de 37,2oC
  • Temperatura auricular acima de 37,8oC

 

Quais os sintomas da febre em crianças?

Geralmente, a criança com febre apresenta-se com a respiração mais rápida, o coração acelerado, ausência de suor, e mãos e braços frios.

É importante lembrar que a temperatura corporal varia no decorrer do dia, sendo mais baixa durante a madrugada e mais alta no final da tarde. Além disso, excesso de roupas, tempo muito quente ou exercícios físicos intensos podem aumentar a temperatura corporal. Nesse caso, o que está acontecendo é a hipertermia, e não febre.

A febre é um sinal do corpo, que está procurando se defender de alguma agressão. No caso das infecções, o sistema imunológico produz substâncias que agem no cérebro, causando o aumento da temperatura. Portanto, a febre não é uma doença a ser combatida.

 

Qual a maneira certa de medir a febre em crianças? 

A temperatura retal e a temperatura oral são as mais próximas da temperatura central, mas as medidas são desconfortáveis e mais sujeitas a erros.

A temperatura axilar deve ser preferível, com o uso de termômetro digital.

A temperatura auricular não deve ser realizada em menores de um mês.

Atualmente, não usamos termômetros de mercúrio, pelo risco de intoxicação.

 

Preciso levar meu filho ao médico no primeiro episódio de febre? 

Não necessariamente. É preciso avaliar a idade, a presença de outros sinais e sintomas, a existência de doenças crônicas, e o grau de atividade da criança. Geralmente, se está brincando, com bom estado geral, conseguindo se alimentar, a melhor conduta é a observação em casa, hidratação, repouso e antitérmico se necessário. Em caso de dúvida, é sempre recomendável entrar em contato com o pediatra.

 

Preciso medicar meu filho sempre que tiver febre? 

A febre não precisa ser medicada em todas as situações. Deve-se avaliar o estado clínico da criança, a presença de irritabilidade, falta de apetite, alteração do sono, dor no corpo. Se esses sintomas estiverem presentes, a medicação antitérmica está bem indicada. Se a criança estiver com febre e ativa, com bom apetite e dormindo bem, não precisa ser medicada.

 

Quais medicações devo utilizar para abaixar a febre em crianças? 

No Brasil, as medicações utilizadas para o controle da febre são a dipirona, o paracetamol e o ibuprofeno.

O ácido acetilsalicílico (AAS) não é mais utilizado em crianças pelo risco de síndrome de Reye (doença rara e grave que lesa o fígado).

 

Meu bebê tem menos de um mês e está com febre? O que fazer? 

Em menores de um mês, o paracetamol é a única medicação que pode ser utilizada. Nesse caso, é importante a avaliação médica do pediatra no primeiro episódio de febre.

 

A febre voltou antes do tempo indicado pelo pediatra para a administração da outra dose do remédio. Devo intercalar outro medicamento? 

Embora seja uma prática comum e difundida inclusive entre os pediatras, estudos foram realizados com antitérmicos intercalados, e não houve diferença na diminuição da temperatura corporal e nem na duração da febre.

Os três medicamentos citados acima agem da mesma maneira, então não há benefício em se intercalar dois.

Se a febre não passou ou voltou antes do próximo horário, não há risco para a criança em aguardar o período orientado entre as doses.

Assim, não é necessário abaixar a febre a todo custo. Não é preciso ter medo da febre.

 

Qual o problema de se associar dois antitérmicos? 

Quando associamos os antitérmicos, aumentamos o risco de superdosagem e os efeitos colaterais das medicações.

 

Mas e a convulsão febril? Se eu deixar meu filho com febre, ele não vai convulsionar? 

A convulsão febril ocorre em crianças predispostas a ter o distúrbio, e independe do grau de febre, se febre alta ou febre baixa.

O uso de antitérmicos não impedirá uma convulsão febril, se seu filho tiver predisposição para apresentá-la.

 

Devo dar banho para baixar a febre em crianças? 

Os métodos físicos (banho, compressa) abaixam a febre mais rapidamente que os métodos farmacológicos, mas a duração do efeito é menor. Além disso, causam desconforto como calafrios e tremores. Assim, são reservados a pacientes com temperaturas muito elevadas (acima de 40oC).

 

Devo dar medicações antitérmicas antes de meu filho tomar as vacinas? 

O uso de medicação antitérmica para prevenir possíveis febres após as vacinas não é indicado, pois já foi demonstrado que essa atitude altera a resposta imunológica desencadeada pela vacinação.

 

Quando é indicado levar a criança com febre ao Pronto-socorro? 

Se a criança estiver prostrada, muito sonolenta, sem apetite, com irritabilidade intensa, choro incontrolável mesmo após a diminuição da temperatura corporal, deve ser levada para uma avaliação pediátrica de urgência.

No caso de febre por mais de 48-72 horas em crianças com bom estado geral, o pediatra deve ser consultado.

 

Conclusão 

A febre em crianças é muito comum, e é geralmente sinal de alguma infecção.

O manejo da febre pode ser feito com antitérmicos, mas sua utilização não deve ser realizada sem critérios.

Se a criança apresentar um acometimento importante do seu estado geral, deve ser levada para o atendimento pediátrico de urgência.

Em caso de dúvidas, consulte sempre o seu pediatra.

 

Dra. Mariana Nogueira de Paula, mãe da Ana Luísa, Helena e do Miguel.

Pediatra, Gastropediatra e Hepatologista Infantil
Santo André e Grande ABC

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